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Cíntia Ribeiro: militante na vanguarda libertadora alagoana
                          CÍNTIA RIBEIRO, jornalista, ativista e intelectual, chega na 11ª Bienal do Livro com três obras. Define-se como uma pesquisadora negra e lésbica: “Sou efeito do coletivo, do afeto e do ativismo que movem a produção do conhecimento”. Modéstia. Ela é vanguarda, impulsionando a transformação do cenário alagoano em termos afirmativos e inclusivos, em rebeldia contra toda forma de discriminação. Sua tripla participação no maior evento editorial de Alagoas é apenas um afloramento desse papel de liderança inconformista.
UM HOJE, DOIS AMANHÃ, assim estão programados os lançamentos: “Orgulho LGBTQIAPN+”, nesta sexta, 19 horas, no Auditório 1. No sábado, 1º de novembro, “Alagoas Ilustrada”, 17 horas, Estande da EDUNEAL; “Matrizes de Sentidos Coloniais”, 19 horas, Estande da EDUFAL. Como se lerá, e já se percebe pelos títulos, são temáticas específicas, abordagens diferenciadas – mas obras focadas na mesma direção libertadora, em contestação ao convencional e ao superficial.
“MATRIZES DE SENTIDOS COLONIAIS”, explica a autora, “é tese indicada para publicação em edital público da EDUFAL e FAPEAL. Investiga a relação interseccional entre desinformação e permanência das matrizes coloniais de sentido — dos discursos que fundam a ideia de Brasil às fake news. Entre 2019 e 2025, a pesquisa analisou nos ‘arquivos desinformativos’ a repetição de sentidos que sustentam o discurso colonizador. Prefácio da profa/dra. @debora.massmann e posfácio de @sostenesericsonoficial, orientador de muitas vozes”.
“ORGULHO LGBTQIAPN+”, diz Cíntia, é “um projeto de Elias Veras e Marcelo Nascimento, que generosamente me convidaram para colaborar na organização. Reúne arquivos pessoais, relatos orais e registros políticos que atravessam três décadas de resistência, violência e afirmação dos movimentos organizados. Pioneira, a pesquisa — concluída em 2022, e lançada pela @imprensaoficialal em parceria com a @sedh.alagoas e o @gephgsufal — constrói um mosaico de existências dissidentes que desafiam o apagamento histórico. Um gesto coletivo de escuta e reescrita que desemperra ferrolhos discursivos sobre gênero, raça e território LGBT+ em Alagoas”.
“ALAGOAS ILUSTRADA”, digo eu: é um tema pelo qual sempre tive fascinação, e que procurei editar de alguma forma em todas as oportunidades que tive. A data histórica, dita efeméride, é elemento importante na formação intelectual e para um posicionamento cidadão. As lições perenizadas, em termos de um acontecimento relevante num dia específico, possibilitam reflexões infinitas, estimulam o estudo e turbinam pensamentos. Valorizam o autoconhecimento enquanto comunidade. Um dos melhores exemplos dessa concepção, para mim, foi a Agenda PCdoB 2001, criada pelo genial Bernardo Joffily, listando, a cada mês, datas referenciais para as lutas democráticas e socialistas no mundo. Em 2017, por conta do Bicentenário da Emancipação Alagoana, começamos a trabalhar algo assim no Almanaque Alagoas. Aquela coletânea era uma evolução de ideias anteriores, expressas em formatações como “Efemérides Alagoanas” (Moacir Santana) e “Baú de Memórias” (Gazeta Saber), sempre destacando mensalmente alguns dias. Mas Cíntia, partindo dali, construiu algo totalmente novo, fez uma revolução. Num trabalho pessoal exaustivo, teceu uma agenda de datas significativas alagoanas com 365 dias! Obra memorável – “O Livrão”, como dizíamos – com 714 páginas primorosamente diagramadas pelo artista gráfico Cícero Rodrigues. Volume tal que ainda não coube num orçamento para impressão, e será disponibilizado no formato digital.
EM NOME DE CÍNTIA, aplausos para todas as pessoas – escritoras, editoras, administradoras, divulgadoras – que fazem a 11ª Bienal do Livro de Alagoas. Ao Reitor Josealdo Tonholo, o reconhecimento pela permanência dessa política cultural vitoriosa.
    
