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Maceió, seu velho centro, a Região Metropolitana, e o novo Plano Diretor

ALLAN PIERRE, vereador, foi o propositor de uma audiência pública na Câmara Municipal de Maceió para discutir o velho centro urbano. Dilema antigo, teve suas contradições sacolejadas pela decisão – acertada – da prefeitura em deslocar para aquele perímetro nevrálgico o dito Complexo Administrativo, reinventando o antigo prédio-sede do INSS, na Praça Palmares. Para dar vida ao dilapidado esqueleto de concreto, encravado na ancestral “Boca de Maceió”, as obras estão mexendo com a cidade, bulindo com a paz de comerciantes, camelôs, transeuntes, clientes. Mas a discussão se propõe ir além dos incômodos incontornáveis a quaisquer construções ou reconstruções, e responder a uma pergunta básica: o que fazer com a região central?
CHICO FILHO, presidente da Câmara, não só chancelou a convocação como compareceu para presidir a audiência pública. Bom exemplo. Experiente, integrante de um clã longevo cujas raízes estão na velha região central, mais precisamente na rua Barão de Alagoas, nº 108 (se não me falha o Google), pertinho da Praça Deodoro. Ali residia o patriarca Otacílio Holanda, seu avô, e lá tinha seu QG, onde elaborava as táticas responsáveis por gerações de batavos habilíssimos em praticamente todas as instâncias do parlamento (vereadores, deputados estaduais e deputado federal). Com genuínas raízes fincadas no perímetro, Francisco Holanda Filho reafirmou seu compromisso de estar ao lado do povo do centro, particularmente dos comerciantes naquele território que atrai mais gente que a soma dos três shoppings. Marcou ponto.
ALEXANDRE AYRES, deputado estadual, havia antecipado o tema – como proposta de planejamento integrado, intermunicipal – na Casa Tavares Bastos, em audiência pública, no dia 29 de abril de 2024. Há mais de um ano, portanto, foi aberta a discussão sobre o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) da Região Metropolitana, que envolve as cidades de Atalaia, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Coqueiro Seco, Maceió, Marechal Deodoro, Messias, Murici, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte e Satuba. Há um ano e nove meses, a prefeitura maceioense não mandou representante. Mas Ayres, na sexta-feira, 10, ao comparecer ao debate na Câmara de Vereadores e apresentar formalmente o desafio metropolita, findou por – finalmente – ter a administração JHC como ouvinte atenta. Fato que é um avanço, considerando a distância até então existente (lamentavelmente persistente em várias áreas) entre instâncias estaduais e municipais.
REPRESENTATIVA, a audiência contou com Urbanistas destacados como Dilson Ferreira, Alexandre Toledo e Geraldo Majela (presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo). Contou com muitas lideranças empresariais, uma dezena de edis (Allan Pierre, Chico Filho, Kelmann Vieira, Samyr Malta, Neto Andrade, Milton Ronalsa, Silvânia Barbosa, Jeannyne Beltrão, Teca Nelma). Pela prefeitura, Antônio Carvalho, diretor-presidente do Instituto de Planejamento, liderou uma equipe de representantes dos organismos municipais. Líderes de categorias populares, como mototaxistas, usaram da palavra. E merece destaque a fala do empresário Marcos Tavares (da Aby’s), nativo daquela região central por ele dimensionada, corretamente, como “uma mesma área que vai do Pontal ao Jaraguá”, descrevendo-a com a precisão de quem nela cresceu, cobrando para esse território, tão vasto quanto esquecido, um plano de investimento urbano, social e econômico.
MACEIÓ PRECISA urgentemente rever seu Plano Diretor e responder a seus brutais desafios urbanos contemporâneos, turbinados pelo engolimento dos bairros e pela tremenda pressão da especulação imobiliária nas áreas litorâneas. Começar pelo Centro Velho é uma boa ideia. Que esse processo siga adiante – e correndo, pois os problemas estão voando.