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Uma reunião com resultado institucional histórico

Por Enio Lins 09/10/2025

PAULO DANTAS, governador de Alagoas, recebeu o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas para a discussão de ações em prol da segurança patrimonial da principal e mais longeva entidade alagoana de cultura. De quebra, o encontro repercutiu para a retomada de uma antiga parceria na execução de projetos culturais.

É UM DESAFIO GRANDE
a manutenção das entidades museológicas no Brasil e em boa parte do mundo, sendo exceções locais nos quais esse tipo de instituição tem em torno de si apoios não-governamentais expressivos e se sustentam com recursos privados. A regra geral é: museus precisam do apoio material – grana, verba – governamental para seguirem existindo. No mundo todo. Em Alagoas não a banda não toca diferente.

EM PARIS, O LOUVRE
, criado em 1793, no ferver da Revolução Francesa, é o museu mais visitado da terra, com 86 mil m² de área disponível ao público, recebe multidões (o recorde é de 10,2 milhões de visitantes, em 2018). Suas bilheterias faturaram € 76,5 milhões (R$ 407 milhões) no ano passado. Mas esse colosso está de cuia na mão, estendida para o governo francês, pedindo o custeio, pelo tesouro público da França, de algo como 76,5 milhões de euros (520 milhões de dólares ou 2,78 bilhões de reais) para obras de manutenção e modernização.

EM LONDRES, O MUSEU BRITÂNICO
, pioneiro e referência mundial, é totalmente custeado pelo governo desde a sua fundação, em 1753. Não tem bilheteria. A entrada é gratuita, e registrou 6.479.952 visitantes em 2024. A reforma na instituição está orçada na bagatela de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,9 bilhões), se destina a restaurar, modernizar e aumentar a segurança da casa (conta com 3.500 dependências, entre salões, bibliotecas e galerias), e em 2023 registrou o roubo de aproximadamente dois mil itens de suas coleções. Um escândalo, mas inferior ao escândalo da instituição ter recebido, em 2023, uma doação de US$ 65 milhões da petrolífera BP, um dinheiro privado altamente criticado por setores de direita, de centro e de esquerda como sendo um desvio das responsabilidades públicas para com o museu.

NA REUNIÃO REALIZADA
em 26 de setembro, convocados pelo governador, compareceram o secretário de Segurança Pública, delegado Flávio Saraiva, o comandante da Polícia Militar, coronel Paulo Amorim, o delegado Gustavo Xavier, e o secretário chefe do Gabinete Civil, Felipe Cordeiro. Pelo IHGAL compareceram o presidente Jaime de Altavila, o 1º vice-presidente George Sarmento, a sócia efetiva Selma Britto, e o 2º vice-presidente e diretor de relações institucionais, Luiz Otávio Gomes, responsável pela formulação da proposta do IHGAL ao governo do Estado. O primeiro ponto a ser abordado foi o da segurança da instituição, crescentemente vítima de vândalos interessados no roubo da fiação elétrica, e de tentativas de furto de bens patrimoniais; o segundo item foi a retomada do tradicional projeto Concerto aos Domingos. Foi aprovado um plano de segurança e o retorno da música dominical.

NADA MAIS JUSTO QUE
o apoio material do governo do Estado à principal instituição museológica alagoana, entidade com 156 anos de existência e de trabalho ininterrupto. Em verdade, resolvidas essas questões imediatas, é hora de ser proposto ao Poder Executivo uma política de parceria com os centros de cultura histórica. Cada museu sabe onde mais aperta o sapato. As muitas artes dispõem de instrumentos nacionais como as leis Rouanet, Paulo Gustavo e Aldir Blanc, o cinema possui – particularmente – diversos tipos de investimento direto e indireto. Da mesma forma, os museus precisam de apoio governamental para o funcionamento adequado (lembrem-se da tragédia do Museu Nacional, que queimou até o talo em 2018).

PARABÉNS AO GOVERNO DE ALAGOAS 
pelo acolhimento cidadão à essa demanda – e que siga adiante neste rumo.

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