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A memória como arma poderosa em defesa da Democracia

Por Enio Lins 01/08/2025

RONALDO LESSA, vice-governador de Alagoas, está pilotando, desde 2023, uma inusitada e valiosa agenda de formação política e de informação histórica. Hoje, a partir das 9 horas da manhã, ele coordena um ciclo de debates e homenagens pelos 40 anos da Redemocratização. O evento terá lugar no Auditório do IFAL (antes ETFAL – Escola Técnica Federal de Alagoas –, e mais atrás ainda, Escola Industrial). 

DA PROGRAMAÇÃO CONSTAM:
1) Mesa-redonda: “História, Política, Cultura e Democracia”, mediada pelo advogado Moacir Rocha, tendo como expositores o historiador Geraldo de Majella, a cientista política Luciana Santana e este jornalista que vos escreve. 2) Mesa-redonda mediada pelo vice-governador Ronaldo Lessa, com pronunciamentos de José Thomaz Nonô, José Costa, Teotônio Vilela Filho e Renan Calheiros, que compartilharão suas vivências na construção da Carta Magna de 1988. 4) ato solene de entrega da Ordem do Mérito Constituinte de 1988 aos constituintes vivos, e homenagem aos constituintes in memoriam: Albérico Cordeiro, Antônio Ferreira, Eduardo Bomfim, Geraldo Bulhões, Roberto Torres, Vinícius Cansanção, Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira. Uma agenda impecável. Aplausos também para Régis Cavalcanti, parceiro de Lessa na concepção desta agenda.

LIDERANÇA ALAGOANA
que mais venceu eleições para os mais diversificados tipos de cargo em Alagoas – deputado estadual, vereador, prefeito, governador, deputado federal, vice-prefeito –, atualmente vice-governador, Ronaldo Lessa tem uma longa folha de serviços prestados ao Estado, em cujas primeiras linhas podem ser localizadas, na década de 1970, a apolítica performance como atleta da seleção alagoana de voleibol, e a ultrapolitizada militância em grupos clandestinos de esquerda. No primeiro item, colecionou medalhas; no segundo, perseguições e prisão (e uma fantástica experiência). Lessa merece homenagens a mais, por se manter na trincheira da quase esquecida linha de combate da formação política de massas, militando pela educação cidadã.

ENTRE 1975 E 1985,
aconteceu uma reviravolta poderosa na política brasileira. Diante de um expressivo avanço da oposição nas eleições de 1974, e frente às perspectivas de colapso do modelo econômico implantado, o regime ditatorial foi se fragmentando e findou substituído por uma democracia. Esse movimento envolveu grupos autoritários no poder desde o golpe de 1964, diferençados entre a extrema-direita estratégica e a extrema-direita assassina. O general-presidente Geisel, o general Golbery, e civis como Petrônio Portela, conduziram o que chamavam de “abertura lenta, gradual e segura” na desmontagem da estrutura ditatorial. No campo da oposição, votos em quantidade cada vez maior fortaleceram o PMDB, num quadro sequenciado pelo fim do bipartidarismo e surgimento de partidos à esquerda como o PT e PDT, além de siglas ao centro. A anistia de 1979 foi um grande marco, apesar dos militares terem infiltrado nela seus assassinos e torturadores, misturando vítimas e algozes. Outra marca inesquecível foi a monumental campanha pelas Diretas já, em 1984, apesar de ter sido derrotada no Congresso Nacional, levou às ruas muitos milhões de brasileiros e brasileiras contra o sistema militar autoritário. Para coroar esse processo cidadão, a oposição elegeu, pelo voto indireto, no Colégio Eleitoral, Tancredo Neves e José Sarnei, finalizando 21 anos de ditadura militar.

ESSES 40 ANOS DE DEMOCRACIA 
merecem ser comemorados em grande estilo, até porque os porões da ditadura teimam em voltar das catacumbas através de herdeiros da hedionda extrema-direita assassina (que militares de extrema-direita como Geisel e Golbery deram combate a partir de 1976). A memória não é diletantismo e é muito além da pesquisa acadêmica, ou de reportagens sobre a história. A memória é a mais poderosa arma de autodefesa democrática. Vamos usá-la sem moderação!

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