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Mais um ano de luta e vitórias pelo jornalismo independente

Por Enio Lins 10/07/2025

HOJE A TRIBUNA INDEPENDENTE completa mais um aniversário, o 18º. Oficialmente, alcança a maioridade, apesar de ter nascido “de maior”, sem nunca ter passado por infância nem adolescência. Este diário veio ao mundo no dia 10 de julho de 2007, parido num doloroso processo de afirmação pelo direito ao trabalho, que uniu jornalistas, gráficos, motoristas, distribuidores, funcionários administrativos. A irresignação contra o desaparecimento sumário de um jornal histórico era o foco da resistência.

CONFORME RELATAM
as crônicas do período, frente à falência da antiga Tribuna de Alagoas, seus trabalhadores ocuparam a sede da empresa e lá montaram acampamento, distribuindo-se em grupos de mobilização para a resistência. Colchões foram espalhados pelas principais dependências para que lá pudessem pernoitar durante o tempo que fosse necessário, o refeitório foi transformado em cozinha de campanha (com gêneros alimentícios recebidos em doação). Penosas negociações foram conduzidas pelos resistentes junto aos credores, Justiça, governo e órgãos financiadores para construir uma solução que não fosse o desemprego em massa nem a dispersão dos instrumentos de produção.

AO FIM E AO CABO
, uma grande vitória: uno novo jornal surgiu das cinzas, assumido coletivamente pela mão-de-obra trabalhadora antes contratada pela empresa falida. Um novo empreendimento surge, tomando forma como uma cooperativa inovadora em Alagoas (e rara no Brasil), reunindo jornalistas, gráficos e trabalhadores nas demais áreas técnicas e administrativas. Já se vão 18 anos. Hoje a Tribuna Independente é o único veículo de mídia impressa com circulação diária em nosso Estado – e para além deste marco histórico, se expandiu aos demais formatos digitais, desde as redes sociais até os espaços televisivos na internet. E sempre independente.

É UMA LONGA HISTÓRIA
de resistência e luta por um jornalismo – de fato – independente. com raízes fincadas há quase meio século, desde a criação de um ousado diário em 1979, numa iniciativa do jornalista Noaldo Dantas. Ainda sob o regime autoritário, a Tribuna de Alagoas marcou época pela independência e pela coragem, o que levou à sua primeira quebra pela pressão contra os financiadores do projeto, em 1981. Naquele tempo, as dependências do jornal foram também ocupadas pelos trabalhadores, com colchões espalhados pelos cantos e refeições servidas no local para que a vigília fosse mantida 24 horas no ar. Não foi pensada uma cooperativa, mas a solução se deu através da decisão do senador Teotônio Viela em assumir sozinho a empresa, depois de receber o apelo levado por uma comissão formada pelos saudosos Dênis Agra, Freitas Neto, Teófilo Lins, Jurandir Queiróz e outros componentes. Essa experiência, também inovadora, foi interrompida pela morte do Senador da Anistia, em 1983. A partir daí, o diário passou por várias administrações e proprietários, até falir, enquanto empresa, em 2007.

SURGIDA DESTA HISTÓRIA PENOSA
, trágica em certos momentos, a Tribuna Independente é outra história. Inova desde 10 de julho de 2007. É empreendimento totalmente distinto, sem mais sócios-proprietários convencionais. Não só é outro CNPJ, é outro entendimento sobre uma empresa de comunicação. As raízes seguem fincadas na história das mídias alagoanas, desde a coragem editorial do final dos anos 70, honrando a redação instalada na Rua do Sol, defronte ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Hoje, portanto, se comemora 18 anos de uma trajetória inovadora, transformadora, filha legítima de uma experiência iniciada ainda no século passado. Parabéns! Vida longa à Tribuna Independente e aos ideais da imprensa livre, defensora da Democracia e das transformações sociais, inimiga das injustiças e das fake news!

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