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Israel x Irã, crônica de uma guerra anunciada – trecho 1

Por Enio Lins 17/06/2025

COMO TODO MUNDO ESPERAVA, Israel e Irã entraram em guerra oficial. A surpresa é a pronta reação iraniana. Pela primeira vez, Teerã reage com uma ação contundente às provocações israelenses. E o planeta está à beira de uma guerra mundial, catastrófica para toda humanidade, por culpa exclusiva de Israel – e dos Estados Unidos, historicamente cúmplice e principal apoio do regime sionista desde os anos 60.

NUMA ANÁLISE OBJETIVA
, deve-se reconhecer a imensa superioridade bélica de Israel, até pela diferença entre os orçamentos militares, como publicado pela BBC: enquanto o Irã investe 2% de seu PIB na defesa, Israel torra o dobro, 4%. Em termos de metal sonante, o Irã gasta US$ 7,4 bilhões, e Israel US$ 19 bilhões. Gastos anuais, projeção de dados de 2022. Durante toda longa história de agressões sofridas, Teerã nunca havia respondido à altura às investidas de Telavive. Até 13 de junho de 2025, era só pau na papada dos iranianos, mas alguma mudança parece ter acontecido, e pela primeira vez, os sionistas estariam recebendo algum troco real – mas a preeminência militar, até prova em contrário, segue israelense.

ISRAEL É A MAIOR INDÚSTRIA DA MORTE
em todo Oriente Médio. Além de estar exterminando a população palestina em Gaza, o placar é arrasador se tomarmos como base os assassinatos de iranianos. O terror israelense é insuperável em sofisticação e letalidade. Em relação às provocações contra o Irã, essa desenvoltura criminosa chama a atenção desde o assassinato, em 27 de novembro de 2020, em plena área urbana de Teerã, do cientista Mohsen Fakhrizadeh, tido como o então físico nuclear mais importante do país persa. Desde então, numa sequência impressionante de atentados, Israel tem assassinado sistematicamente altos oficiais e cientistas iranianos. Na recente agressão israelense contra Teerã, foram trucidados pelo menos nove cientistas e quatro dos principais líderes militares persas. Na teoria, o Irã estaria incapacitado, por um bom tempo, de dar qualquer resposta militar eficiente. Mas, na prática, a coisa parece estar sendo diferente.

NUNCA UM MILITAR IMPORTANTE
, ou líder proeminente de Israel, foi alcançado por ações estrangeiras. Yitzhak Rabin foi assassinado, sim, mas por um terrorista israelense. Rabin, nascido em Jerusalém, filho de judeus russos, lutou contra árabes e palestinos, foi primeiro-ministro em duas ocasiões (1974/1977 e 1992/1995) e ousou construir um plano de paz com os palestinos, assinando, com Yasser Arafat, compromissos no âmbito dos Acordos de Oslo, e ganharam juntos o Nobel da Paz de 1994 por isso. Em 4 de novembro de 1995, um jovem terrorista israelense, tranquilamente, passou pelo que deveria ser sua segurança intransponível, e lhe acertou dois tiros, matando-o. Ah, existe um judeu vítima, ligado ao programa nuclear israelense, mas falaremos sobre isso amanhã.

COMO EM TODAS AS GUERRAS
, a batalha pela informação é cruenta, e cada lado despeja bazófias, mentiras e diversionismos no noticiário. Aparentemente, Israel estaria sofrendo abalos inéditos – mas nada ainda efetivamente danoso para sua máquina de guerra, pelo menos a meu ler. Nas entrelinhas, é importante decifrar quais áreas israelenses estão sendo atingidas pelos mísseis iranianos. Diz Teerã que está detonando alvos militares... será? Se forem apenas civis os alvos atingidos em território israelense, é bom ficar de olho se não seria um repeteco da tática sionista de 7 de outubro de 2023, quando deixaram livre o caminho para que o Hamas provocasse um grande número de vítimas, ação que “justificou” a subsequente ofensiva de Israel, arrasadora, contra a Gueto de Gaza, hoje praticamente riscado do mapa, com os sionistas repetindo contra os palestinos o que os nazistas fizeram com os judeus no Gueto de Varsóvia. A grande indagação segue no ar: Como o Irã irá resistir à máquina mortífera israelo-estadunidense?

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