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Meio ambiente e o meio de cultura do reacionarismo e da misoginia

MARINA SILVA É UMA HEROÍNA da cidadania e da luta ambiental. Deveria ser absolutamente desnecessário dizer que ela merece respeito, mas essa obviedade precisa ser repetida. Digo também que discordo de algumas teses defendidas por ela, inclusive sobre a questão da exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial (tema que detalharemos noutro dia). Mas, acima de quaisquer divergências, a acreana é uma guerreira digna de todas as homenagens.
QUAIS As MOTIVAÇÕES para as agressões verbais à ministra Marina Silva feitas por senadores? Discussões acaloradas são próprias do parlamento, acusações mútuas também; elevar a voz – nem se fala. Mas a ocorrência do dia 27 chamou a atenção pela virulência de dois senadores bolsonaristas, um do PL de Roraima e outro do PSDB do Amazonas. Um havia declarado, antes, que gostaria de “a enforcar” e manteve o tom na presença dela, afirmando que não a respeitaria naquele espaço; outro vociferou: “Ponha-se no seu lugar!”. A ministra estava presente na Comissão de Infraestrutura do Senado como convidada para falar sobre as áreas de conservação na região Norte.
ÁREAS DE CONSERVAÇÃO essas que incluem perímetros onde se estuda a exploração de petróleo na Margem Equatorial. O tema é polêmico e divide o governo federal. A Petrobrás solicitou licença para realizar perfurações nessa área que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, e o primeiro poço, planejado para região (Bloco FZ-M-59), está localizado na foz do Amazonas, litoral do Amapá. O projeto está sob apreciação do IBAMA. A exploração de petróleo nessa faixa tem o apoio de parte significativa do governo Lula, e de ícones da esquerda, como os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Fabiano Contarato (PT/-ES), em contraposição à maioria das ONGs ambientalistas. Marina Silva, como ministra do Meio Ambiente e liderança ambiental, tem – de forma amadurecida e diplomática – arbitrado essas divergências. Declarou ela que “a Unidade de Conservação não incide sobre os blocos de petróleo. E não foi inventada agora para inviabilizar a Margem Equatorial. Isso é um processo que vem desde 2005”. Essa habilidade realçou sua posição como alvo da extrema-direita.
OUTRA QUESTÃO espinhosa na área do ministério do Meio Ambiente é o asfaltamento da BR-319, ligando Porto Velho a Manaus, obra defendida praticamente pela unanimidade dos parlamentares da Região Norte e pelo ministro dos Transportes, Renan Filho. Contra o asfaltamento da rodovia estão a ala ambientalista do governo e ONGs ecologistas. Marina Silva tem atuado com desenvoltura nesses imbróglios dentro e fora do governo, e mantendo linha direta com o presidente Lula. E, por cima disto tudo, existe o perigo do famigerado “PL da Devastação”, iniciativa da bancada ruralista, propondo o desmantelamento das normas de licenciamento ambiental, Projeto de Lei em andamento atropelador, açodado, no Congresso.
QUANDO O BOLSONARISMO vira cachorro hidrófobo contra Marina Silva, e late alto, baba, o faz por três motivos básicos: 1) misoginia, racismo e aporofobia (identificam nela o gene das populações pobres e desassistidas); 2) ódio ao ambientalismo; 3) tentativa de aprofundar as fissuras internas na esquerda e no governo lula, desestabilizando a ministra do Meio Ambiente. A meu ver, as respostas seriam três: I) defender vigorosamente Marina Silva; II) defender o debate franco e fraterno, entre as forças democráticas para a rápida definição de políticas inovadoras de desenvolvimento sustentável para essas áreas em conflito; III) combater, sem vacilação, o PL da Devastação.
POR FALAR NISSO, em Maceió, teremos o Ato Unificado contra o PL da Devastação. Neste domingo, 1º de junho, a partir das 8:30, no espaço da Praça Sete Coqueiros (rua fechada), em Pajuçara, será realizado. Vamos lá!