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Yes, habemus papam! Mais um ciclo se inicia na milenar Igreja Católica

Por Enio Lins 10/05/2025

ROBERT FRANCIS PREVOST é o novo Papa. Estadunidense de nascimento e portador de dupla cidadania (americana e peruana), escolheu o nome de Leão XIV. Leo XIV em latim. Legal, pois nos permite, na fala brasileira, uma intimidade maior: Léo. Antes da fumaça branca o incensar como Vigário de Roma, era frei agostiniano e, desde 2023, ocupava, por indicação do Papa Francisco, as estratégicas posições de Prefeito do Dicastério para os Bispos, e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. Matemático, poliglota, progressista, experiente, tem tudo para marcar a história.

CARTA CAPITAL
, a revista do Mino, foi a primeira publicação no Brasil a captar o significado da escolha do nome, apontando como a inspiração de Prevost o Papa Leão XIII, pontífice cuja marca mais forte é “a Encíclica Rerum Novarum, de 1891, que lançou as bases da doutrina social da Igreja Católica e ainda é uma referência em discussões sobre justiça social e direitos dos trabalhadores”. Leão XIII ocupou o trono de São Pedro entre 1878 e 1903 e “promoveu debates sobre justiça social e se destacou por uma intensa produção de documentos eclesiásticos, abordando temas diversos, como o pensamento social da igreja”. Já disse, o novo papa, a que veio e que caminho dará continuidade, sem rodeios. Evidentemente, enfrentará obstáculos e terá de fazer ajustes, recuar aqui para avançar ali, mas sua linha está anunciada.

JÁ A BBC
destacou que Robert Prevost, ainda “como cardeal, não hesitou em contestar as opiniões do vice-presidente dos EUA, J.D. Vance. Ele republicou na rede social X uma postagem crítica à deportação de um residente americano para El Salvador, realizada pelo governo Trump, e compartilhou um artigo de opinião crítico a uma entrevista concedida por Vance à Fox News”. Segundo a BBC, o Papa Leão XIV teria quatro desafios principais: 1) Conquistar e preservar fiéis; 2) Ampliar o número de padres; 3) Consolidar os rumos da igreja; 4) Combater abusos sexuais cometidos por clérigos. Pelo exposto, esse quarteto elencado pela renomada mídia britânica se apoia no terceiro item. Até prova em contrário, considerando esse quadrilátero, o centro de gravidade está nos ajustes e na consolidação dos rumos. Conquistar mais aderentes, ampliar o número de sacerdotes (e sacerdotisas), corrigir falhas graves de comportamento, depende de quanto segura e unida esteja a Igreja Católica na escolha e transparência de seus caminhos contemporâneos.

TRATA-SE DE ESTRATÉGIA.
E nisso, depois de dois milênios de existência, ninguém supera a organização criada (embora Pedro leve a fama) por Paulo quando ele conseguiu, no Concílio de Jerusalém, por volta do ano 50, determinar uma mudança radical de rumo, eliminando do Cristianismo as exigências próprias do Judaísmo. Sem a exclusão da circuncisão obrigatória, da prática rigorosa da lei mosaica, e das restrições à adesão de não-judeus, o grupo em torno dos remanescentes dos 12 apóstolos jamais teria deixado de ser mais uma seita minoritária judaica. 263 anos depois, Constantino, que nunca se batizou, operou a segunda alteração fundamental nos caminhos cristãos, no ano 313, ao trazer a igreja cristã para a posição de crença estatal, religião oficial do Império Romano. Enfim, estamos diante de um organismo com dois mil anos de vida e, desde seus primórdios, com imenso poder popular.

SEJA VOCÊ CRENTE OU INCRÉU
, espiritualista ou materialista, precisa respeitar essa estrutura milenar, centralizada democraticamente, com 1.4 bilhão de militantes em todo o mundo, e que acaba de eleger seu 267º comandante supremo. Se você é humanista, pacifista, respeita a Natureza, respeita as diferenças, abomina a injustiça e a discriminação, defende a justiça social, pratica a solidariedade... torça pelo sucesso de Leão XIV no caminho de Francisco, João XXIII e Leão XIII.

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