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“Ei, lá vem esquenta muié/ é som, é gente, é vida, é pó”

BANDA DE PÍFANOS É COISA ALAGOANA desde tempos imemoriais. É parte integrante e indissolúvel da cultura popular, presente em todas as regiões do Estado, e responde por denominações distintas e curiosas, como “Esquenta-Mulher” e “Carapeba”, dentre outras. Pois bem, nos dias 10 e 11 de abril vai se realizar o 1º Festival de Pífanos de Marechal Deodoro, promovido pela ONG Espaço Cultural e Teatro Folha Miúda, sob a batuta do produtor cultural Pierre Pellegrini.
ASSIM CANTOU LUIZ GONZAGA, em Carapeba: “Ei, lá vem esquenta muié/ Do meu Maceió/ Carapeba/ Bandinha quente/ Abrindo frente/ Alegrando vai/ Pife, pratos, tarol, zabumba/ É tumba, tumba/ E a folia sai”. Uns dizem que a composição é de Julinho e Luiz Bandeira, outros informam Julinho do Acordeom e Iracema de Andrade Bandeira – mas, sem dúvida, é sucesso nacional na voz do Rei do Baião. E lá vem esquenta-muié, na próxima semana, pelas ruas da antiga capital das Alagoas. Imperdível.
DEZ BANDAS DE PÍFANOS participarão do encontro, atuantes em sete municípios alagoanos: Manoel da Hora, Esquenta Muié (Marechal Deodoro), Fulô da Chica Boa, Zé Maravilha, Muvuca do Pife (Maceió), Pífano da Casa (Piranhas), Toque de Mestres (Joaquim Gomes), Quarteto Pífano (Palmeira dos Índios), São José do Poxim (Povoado Poxim, Coruripe), Mestre Bia (Viçosa). Uma seleção de craques, todos de matriz genuinamente popular, com músicos formados no eito da experimentação prática, passada de geração para geração, grupos treinados no caminhar rua afora, sol a pino, levantando o pó.
NOS DOIS DIAS DA PROGRAMAÇÃO, a agenda indica: Quinta-feira, 10, a partir das 18 horas, exibição do documentário “Três Dias com o Mestre”, sobre o Mestre Nelson da Rabeca, seguido por uma roda de conversa com músicos de Marechal Deodoro e mediação do professor e pesquisador Washington da Anunciação. Sexta-feira, 11, a partir das 15 horas, apresentações das bandas de pífanos, no Auditório Divaldo Suruagy (Espaço Cultural), localizado no Centro Histórico de Marechal Deodoro. Informa Pierre Pellegrini: “Após as apresentações no auditório, faremos um cortejo com artistas e bandas de pífano pelas ruas do centro histórico de Marechal até a feira pública da cidade com um espetáculo de encerramento”. Para quem não sabe, a feira deodorense começa na sexta e termina no sábado, mas o auge é a noite da sexta-feira. Nada mais apropriado.
TÃO FORTE É A RAIZ ALAGOANA neste segmento musical que a formação mais famosa do Brasil, a Banda de Pífanos de Caruaru, é alagoana. Quem sabe disso? Em Alagoas, pouca gente conhece essa história. No dia 29 de agosto de 2022, a Secretaria de Cultura de Pernambuco publicou em seu site www.cultura.pe.gov.br/: “A música popular brasileira perdeu uma de suas influências nordestinas mais importantes: aos 103 anos, partiu o músico Sebastião Biano, único membro ainda vivo da tradicional Banda de Pífanos de Caruaru. Originalmente chamado de Zabumba de Seu Manoel, e fundado em 1924, no município de Olho D’água, em Alagoas, a banda ficou conhecida quando a família de Biano, após vagar pelos interiores de Alagoas e Pernambuco, fixou residência em Caruaru. Eles começaram tocando na feira popular mais famosa do Brasil, e ficaram conhecidos no mundo todo como Banda de Pífanos de Caruaru”.
COLOQUE EM SUA AGENDA: dias 19 e 11 de abril, acompanhar as bandas de pífanos em Marechal Deodoro. Não vai se arrepender, e na sexta-feira, de quebra, pode fazer a feira com produtos de primeira qualidade. Mais informações pelo Instagram @folha_miuda, e/ou pelo zap (82) 99383-2283.
Leia mais:
Reportagem da Secult/PE: https://www.cultura.pe.gov.br/canal/secultpe/musica-brasileira-e-nordestina-perde-mestre-biano/
Reportagem G1: https://g1.globo.com/pe/caruaru-regiao/noticia/2022/08/27/sebastiao-biano-unico-membro-vivo-da-formacao-original-da-banda-de-pifanos-de-caruaru-morre-aos-103-anos.ghtml