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Ainda sobre Gracilianistas, Palmeira dos Índios, e ideias nessa toada

Por Enio Lins 22/03/2025

RETORNADO À BEIRA DA LAGOA MANGUABA, depois de um dia ao pé da Serra do Goiti, passo adiante, no calor dos acontecimentos, algumas observações sobre o Encontro de Gracilianistas, estendendo um pouco mais sobre Palmeira dos Índios.

EM PRIMEIRO LUGAR, APLAUDO 
a organização do Encontro de Gracilianistas, na pessoa de Cosme Rogério Ferreira – Doutor em Letras em Linguística, Mestre em Sociologia, Graduado em Filosofia, Especialista em História de Alagoas, poeta, escritor, ator, diretor de cena, professor do IFAL, agitador cultural... autor da ideia e realizador do projeto que se estendeu por três dias naquela cidade. Parabéns.

APLAUSOS MERECEM
todas as pessoas que participaram do evento. Vivas para Douglas Apratto Tenório (aula-magna virtual), Ailton Costa Júnior, Ana Cláudia Martins, Ana Quitéria Oliveira, Bruna Alves, Chico de Assis, Cida Pedrosa, Cosme Rogério, Cristiano Silva, Deisy Bezerra, Fábio Lins, Jasmin de Taddeo, Luciano José, Marcone Correia, Marcos Serafim, Marta Eugênia, Sidney Wanderley e Xico Sá. Intervenções com focos e abordagens diferenciadas, elaboradas e expostas com dedicação. O público, por sua vez, optou majoritariamente por ouvir, desconsiderando o debate – a não ser nas mesas com plateia mais reduzida, espaço que, pela proximidade física, reduz a inibição natural.

DETALHE NÃO MENOS IMPORTANTE 
foi a esticada na noite de quinta-feira, depois de encerrada a pauta oficial, para o bar e restaurante Pavana, localizado na Avenida Graciliano Ramos, nº 5 (paralela à BR 316), Loteamento Vale Imperial. Lugar arrumado como um antiquário. Além de uma coleção elogiável de peças antigas de todo tipo, se destacam referências “da Palmeira” (fotos, placas, publicações antigas...), boa comida, boa bebida, bom atendimento. Apois nesse endereço sentaram praça, dentre outras criaturas, Sidney Wanderley, Xico Sá, Juarez Cavalcanti, Cosme Rogério... para ouvir poemas recitados por Chico de Assis e ouvir o de Ivan Barros Neto. Os temas graciliânicos discutidos? Ah, o espaço desta coluna não aguenta nem o sumário da noitada. Faço este registro apenas para lembrar ao distinto público que resultados notáveis de um evento também são construídos (ao acaso, mais das vezes) do lado de fora da agenda oficial.

EVITANDO SAIR DO TERRITÓRIO XUCURU
, ouso sugerir uma ou outra ideia de eventos em torno de grandes personalidades locais. Para citar como tema o cinema nacional (em programações com exibição seguida de palestra e/ou debate), Palmeira dos Índios dispõe de Jofre Soares (participou de 94 filmes como ator) e Tenório Cavalcanti (existem três longas-metragens sobre sua vida: Carnaval em Caxias, Amuleto de Ogum e O Homem da Capa Preta). Na questão étnica, os temas indígenas têm ali um ninho natural e inesgotável. Optando-se pela intelectualidade nativa ainda não reconhecida nacionalmente, a obra de Adalberon Cavalcanti Lins segue a espera de estudos e debates adequados. Da mesma forma, Dom Matheus Rocha continua desconhecido por boa parte de Alagoas. E quando se estudará o legado do médico, intelectual e político Lourival de Melo Motta? Ricardo Ramos será visitado quando em sua cidade natal? E a história de Maria Lúcia Duarte (também conhecida como Luíza, qu editou, entre 1888 e 1889, o Almanak Litterário Alagoano das Senhoras – considerada uma das primeiras revistas femininas do Brasil)? Por enquanto, vamos ficando com essas sugestões, pinçadas, mais ou menos, à toa. Quem, “na Palmeira”, tal qual Cosme Rogério, topa tocar adiante algo assim? Topando, me avise que quero ter mais um motivo para voltar lá.

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