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Theatro Homerinho, uma rapsódia alagoana, entra em cartaz

Por Enio Lins 01/02/2025

ANUNCIADO PARA SÁBADO, 1º de fevereiro deste 2025, começando às 17 horas e sem momento previsível para findar, um evento artístico-cultural promete marcar época em Maceió. Falo da inauguração do Theatro Homerinho, em Jaraguá. Aplausos antecipados neste texto escrito no dia anterior. Indo, vendo e ouvindo – escreverei outro artigo, ou crônica, depois. O fato merece dois, ou mais.

É O THEATRO HOMERINHO
uma iniciativa única em Maceió, ao longo de, pelo menos, um século. Cabe a quem pesquise de fato e de direito, estudar se, antes disso, alguém ligado às artes teve tamanha ousadia: construir, do nada, por conta própria (sendo artistas sem ligações com o mundo empresarial), um teatro completo, nascido de concepção original onde se fundem história das artes cênicas, patrimônio arquitetônico, artes contemporâneas, raízes culturais locais. Tenho pra mim que Homerinho é único.

IVANA IZA & TAINAN CANÁRIO

são os pais fundadores dessa nação caeté homerística. Uma dupla de artistas-raiz, como se diz. Ela, artista de gigantesco e múltiplo talento, cujo currículo resumido, se publicado, excederia toda esta página da Tribuna e não apenas esta coluna. Atriz, diretora, dramaturga, documentarista, produtora de teatro e cinema... Ele, de enorme talento também, poeta, cantador, escritor, professor, pesquisador. O casal merece aplausos (calorosos, de pé), em reconhecimento por essa obra que é um ponto (positivo, inovador) fora da curva da história dos teatros na capital alagoana.

PENSANDO BEM, HOMERÃO 
deveria ser o nome da casa, pela dureza da luta para a construir. Foram 12 anos de árduos trabalhos, posto a ideia ter sido concebida em 2013. Ao longo dessa dúzia de fevereiros, o projetado foi tomando forma, transitando do sonho à realidade. Em 2019, um prédio ideal foi identificado e alugado – seis anos depois, após enormes obstáculos vencidos, inaugurado. Uma epopeia homérica, ipsis litteris. Homero, em seu épico poema Odisseia, relata as aventuras do herói Ulisses num espaço de apenas 10 anos entre o final da Guerra de Troia e seu retorno à Ítaca.

HOMERO CAVALCANTE MERECE
a homenagem. É homenageado representando gerações de artistas do teatro alagoano, personagens heroicos de uma ilíada fartamente documentada desde o início do século XX, onde brilharam estrelas radiosas (in memoriam), como Linda Mascarenhas, Bráulio Leite, Pedro Onofre, Ana Sofia e brilham tantas outras criaturas fantásticas, dentre as quais cito, só como exemplo, cometendo injustiças por falhas na memória: Aline Marta, Fátima Medeiros, Ronaldo de Andrade, Zé Márcio Passos, Otávio Cabral, Mauro Braga, Lael Correia...

PAPAFIGO, APELIDO
pelo qual Homero Cavalcante Nunes gosta de ser chamado, é ator, teatrólogo, agitador cultural, professor de teatro. Ostenta um currículo com mais de meio século de atividades cênicas. O enciclopédico tratado ABC das Alagoas, obra também homérica do saudoso Reinaldo Amorim de Barros, resume assim nosso herói hoje homenageado: “Foi, juntamente com Linda Mascarenhas e Lauro Gomes, um dos responsáveis pelo desenvolvimento e sustentação da Associação Teatral das Alagoas (ATA). Foi, ainda, representante em Alagoas da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais – SBAT. Fundador, com Ronaldo de Andrade, da revista Bruzundanga. Obras: Quando se Deu o Eclipse; Fazendo Chuva; Uma Flor de Outra Cor; Duvidamos (peça com Ronaldo de Andrade); A estrela-guia que não sabia para onde ia (...)”. Pois é: Papafigo, você merece! Alagoas merece essa interação histórica-artística-cultural! Ivana Iza e Tainã Costa Canário merecem, repito, todos os aplausos! Dito isto, vamos à apoteose do Homerinho. Merecemos!

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