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4 de novembro: em 1780, Tupac Amaru inicia uma grande revolta no Peru

Tupac Amaru II, líder mestiço (entre europeus e incas) nascido no atual Peru, inicia uma rebelião popular e indígena contra os colonialistas espanhóis. Nascido de uma família com origem nativa, remontando à nobreza inca, e batizado como José Gabriel Condorcanqui Noguera, aditou o nome de um antigo rei incaico ao desencadear uma violenta revolta contra o colonialismo espanhol.
Reivindicando a soberania dos nativos, Tupac Amaru II conseguiu surpreender as autoridades coloniais e arregimentou milhares de nativos de origem inca num levante iniciado com a prisão e posterior execução do corregedor Antonio de Arriaga. Se estima que tenha conseguido reunir entre 40 mil e 60 mil seguidores no que é considerada a maior revolta nativa nas Américas no século XVIII. Sua mulher, Micaela Bastidas, mestiça de índios e africanos, teve grande participação na organização.
A revolta liderada por Tupac Amaru II, apesar da grande adesão e de importantes vitórias militares em seu início, não conseguiu sucesso. Vários motivos levaram a rebelião indígena à derrota, desde a falta de armamento até as dificuldades de organizar racionalmente os diversos grupos envolvidos e seus curacas (caciques) locais.
Traído por dois de seus oficiais, Tupac Amaru II foi capturado pelos espanhóis em 6 de abril de 1781. Levado a Cuzco, ali foi torturado e executado em 18 de maio, sem renunciar a suas ideias nem renegar a revolta que liderara. O governo colonial prendeu e executou sua esposa Micaela Bastidas e o filho mais velho do casal, assim como os comandantes revoltosos que havia prendido junto com o líder maior. Sem comando, a rebelião indígena não arrefeceu, mas perdeu o rumo e entrou numa fase de violência pura, o que afastou a população pobre do movimento e facilitou o isolamento e massacre dos revoltosos remanescentes.
Tupac Amaru II, depois de martirizado, virou ícone latino-americano. No século XX miliares nacionalistas de direita, ao tomarem o poder no Peru, chegaram a imprimir sua efigie em cédulas de dinheiro. E, no Uruguai, seu nome batizou o mais famoso grupo guerrilheiro de esquerda, Los Tupamaros.