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23 de setembro: em 2005 morria Apolônio de Carvalho

Por Enio Lins 23/09/2024

Nascido em Corumbá (hoje no Estado de Mato Grosso do Sul), em 1912, Apolônio de Carvalho viveu intensa e perigosamente seus 93 anos. Não só lutou contras duas ditaduras no Brasil (Estado Novo de 1937, e Regime Militar de 1964), mas guerreou contra o fascismo na Espanha e contra o nazismo na França. Nas batalhas francesas ganhou a cobiçada medalha Legião de Honra (Ordre National de la Légion d'Honneur), a maior honraria francesa.

Apolônio de Carvalho estudou Escola Militar de Realengo (Rio de Janeiro), graduando-se como oficial em 1933. Foi um dos fundadores da ANL (Aliança Nacional Libertadora) e, depois da tentativa de levante em 1935, foi preso e expulso do Exército. Ao sair da prisão, filia-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1937. Devido a sua formação militar, se inscreve como voluntário nas Brigadas Internacionais para lutar na Guerra Civil Espanhola ao lado dos Republicanos contra os Fascistas (Falangistas) comandados por Francisco Franco. Com a vitória do franquismo, em abril de 1939, Apolônio e muitos outros combatentes partem para a França, onde ficam detidos no campo de refugiados de Gurs.

Fugindo do Campo de Refugiados de Gurs, em maio de 1940, Apolônio se dirige até Marselha, onde, em 1942, entra nas forças clandestinas da Resistência Francesa, combatendo os invasores nazistas. Nesse interim, conhece e casa-se com Renée Laugery, jovem comunista francesa. Em 1944, Apolônio comanda a guerrilha da resistência na libertação de cidades importantes como Carmaux, Albi e Tolouse. Por conta dessa participação destacada, ao final da guerra, é considerado Herói da França, e condecorado com a Legião de Honra.

Retornando ao Brasil, juntamente com sua família francesa, Apolônio retoma a militância, em relativa paz. Com o Golpe de 1964, volta a ser perseguido duramente. Em 1967, rompe com o PCB e funda, juntamente com outros dissidentes, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – sigla que, anos depois, teria um destacado casal alagoano como militantes: Maria Yvone Loureiro e Odijas Carvalho (este assassinado pela ditadura em 1973). Em janeiro de 1970, Apolônio é preso pelos órgãos de repressão e só escapa da morte por conta da iniciativa dos grupos “subversivos” ALN (Ação Libertadora Nacional) e VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), que sequestram, em junho, o embaixador da Alemanha Ocidental no Brasil, Ehrenfried von Holleben, exigindo a libertação de 39 presos políticos, entre esses Apolônio de Carvalho.

Depois de nove anos vivendo como refugiado no Exterior, Apolônio, o herói brasileiro das guerras contra o nazifascismo na Espanha e na França, retorna ao Brasil, em 1979, com a Anistia. E segue sua luta pelo que considerava justo. No mesmo ano participa da fundação do PT. Só se afasta da intensa militância diária em 1987, aos 75 anos, por orientação médica, mas segue participando de debates e entrevistas. Até 23 de setembro de 2005.

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