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Viva o dia 16 de setembro!!

Hoje é o dia da Emancipação Alagoana. Completamos 207 anos da independência nesta segunda-feira, mas o anseio de seguir caminho próprio pode ser registrado bem antes, pelo menos desde 1632, quando da adesão local aos holandeses contra os ibéricos (que haviam dominado Portugal em 1580), movimento capitaneado por Calabar, que, depois de expressivas vitórias contra as tropas ibéricas em boa parte do litoral Nordestino, é executado (pelo Garrote Vil, conforme determinava a lei espanhola) em 1635, ano em que os espanhóis e nativos submissos comandados por Rojas y Borja são derrotados na famosa Batalha da Mata Redonda, em Porto Calvo. Na sequência, o resto da Região adotou os holandeses, e o centro do novo poder (contrariando Madrid, que dominava Lisboa) passou a ser a pujante cidade do Recife, fundada pelo Conde Maurício de Nassau, nos idos de 1637. Foi o período de ouro do “Brasil Holandês”. Mas o ônus de “traidor” foi exclusivamente colocado sob o finado Domingos Fernandes Calabar, o alagoano.
Outro elemento de distinção entre o triângulo sudeste e o resto da antiga Capitania de Pernambuco é a cumplicidade construída ao longo de décadas, desde o início do Século XVII, entre o Quilombo dos Palmares e a população de Penedo, Alagoas do Sul e Porto Calvo, o que levou as forças coloniais a concentrarem seus esforços de guerra contra os quilombolas nessas vilas, especialmente Porto Calvo, além de criar a Vila de Atalaia para servir de base às tropas de Domingos Jorge Velho.
Esse reconhecimento das vilas de Porto Calvo, Alagoas do Sul e Penedo como como comunidades estratégicas e autônomas pelos holandeses (que fizeram os primeiros registros detalhados sobre essas povoações) é o primeiro sinal de vida independente administrativa em relação ao poder de Olinda/Recife, isto ainda nos idos dos anos 1630. É essa área que vem formar a base geográfica para, finalmente, em 16 de setembro de 1817 ser considerada uma capitania autônoma, Alagoas.
E em 1817? Aconteceu uma rebelião na cidade do Recife, precipitada pelo assassinato do comandante militar português, cometido pelo oficial pernambucano José de Barros Lima, o “Leão Coroado”, ao resistir a uma ordem de prisão. As tropas sediadas em Recife e Olinda foram solidárias ao conterrâneo e deflagaram um levante militar que teve o apoio de alguns civis, especialmente dos padres de Olinda (que sonhavam revolucionariamente), mas ganhando pouca adesão entre a foz do São Francisco e Natal. O movimento foi rapidamente derrotado com a chegada de tropas legalistas na única batalha travada, em Ipojuca, perto de Porto de Galinhas/PE. Leão Coroado foi barbaramente executado em Recife e seus familiares fugiram para a nova província recém-criada, Alagoas, refazendo suas vidas na área de Quebrangulo.
Produto da tentativa de insurreição em 1817 (erroneamente rotulada como “Revolução Pernambucana”, pois foi menos que revolução e mais que pernambucana), liderada por Barros Lima, o enfraquecimento do poder antes centrado em Recife/Olinda é uma das causas da Emancipação Alagoana, sem dúvida. E com muita razão, a nova capitania acolheu os Barros Lima, que tentavam escapar da repressão em Pernambuco. Alípio Coelho de Barros Lima, neto de José, o Leão Coroado, foi o primeiro prefeito de Quebrangulo, em 1872, e depois prefeito de Viçosa, em 1892 – atesta Marcelo Lima, descendente do mártir pernambucano e hoje prefeito de Quebrangulo.
Enfim: Viva a Emancipação Alagoana!