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Os Estados Unidos e sua campanha presidencial internacional

Por Enio Lins 25/07/2024

Voltamos ao tema “eleições americanas 2024”. Impossível retirar esse ponto da pauta, pois a atenção internacional é sugada pelo andar das carruagens rumo à Casa Branca. Esse poder centrípeto se explica facilmente, pois a (ainda) única superpotência mundial interfere diretamente nas questões internas de todo e qualquer país no globo.

DONOS DO MUNDO

Muitas mentes que se consideram privilegiadas torcerão o nariz para esse velho termo: superpotência. Considerado por alguns como conceito arcaico e ultrapassado, foi desaparecido do rol dos vocábulos da moda desde o falecimento da União Soviética e do esboroamento dos chamados “países comunistas” do Leste europeu. Mas a nação ianque segue sendo a maior das potências econômicas/militares no Século XXI, continua superpotência, visceralmente imperialista, direcionando mercados e exportando (e financiando) guerras para todo lado – ganhando oceanos de dinheiro com isso. Assim, interessa, e muito, ao resto do globo redondo, tudo que acontece no triângulo de terra plana entre a Bolsa de Valores de Nova Iorque, a Casa Branca e o Pentágono.

MUDA O QUÊ?

Em termos da essência norte-americana, as eleições mudam quase nada, pois a Doutrina Monroe segue sendo praticada intensamente como o “pensamento único”. Formulada pelo presidente James Monroe, e apresentada no dia 2 de dezembro de 1823, usa e abusa do slogan “A América para os Americanos” para justificar a extensão de seu “braço protetor” sobre o restante da humanidade. Se fundamenta no suposto “destino manifesto” – dominador e globalizado – dos estadunidenses, e teve sua tradução mais fiel explicitada pelo presidente Theodore Roosevelt como a “Política do Grande Porrete”. Essa teoria, na prática, teve um salto gigantesco no pós-II Guerra, ancorada no fato de que os Estados Unidos foi a única das potências envolvidas que não sofreu danos significativos em sua economia (seu território, à exceção de Pearl Harbor, no Havaí, não recebeu sequer uma bombinha de São João durante a maior carnificina do Século XX).

MUDA ALGO, SIM

Altera-se, em função da voz ocupante do salão oval, o discurso (influenciando fortemente a direita e extrema-direita internacional), muda-se alguma coisa nos posicionamentos políticos internos, e redireciona-se quase nada no formato das ações imperialistas. As armas letais “Made in USA” seguirão sendo vendidas a rodo, e suas tropas usadas como dantes. Dentre as mudanças de postura de quem esteja na Casa Branca, não se pode menosprezar o peso das formulações supremacistas, agressivas, de um personagem como Donald Trump – suas falas excitam a direita mais extremada e retrógrada que possa existir nos quatro cantos da terra, e isto, essa repercussão global, é uma tragédia adicional de grandes proporções (apesar, insisto, da posição de Trump sobre a OTAN – até ontem – ser menos ruim que a do resto das lideranças americanas).

HORÁRIO ELEITORAL INTERNACIONAL

Queira-se ou não, a campanha eleitoral americana (e não o voto) é mundial. Todo mundo tem de meter a colher lá, porque os estadunidenses metem o bedelho deles no mundo todo, ditando regras, estabelecendo moda e sugando as riquezas alheias com seu velho e insaciável apetite. Opinar sobre a disputa pela Casa Branca é algo que qualquer pessoa não-americana deve fazer sem moderação, pois o resultado do confuso a atrasado processo eleitoral dos Estados Unidos afeta a vida de cada um de nós, seja cucaracha, europeu, africano ou asiático. Então, #trumpnão!

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