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Frente ampla: construção sempre estratégica na política

Por Enio Lins 10/07/2024

Há sete dias, em nossa edição de 3 de julho, a Tribuna – em reportagem de Emanuelle Vanderlei – tratou da sintonia entre partidos que formam a base do governo estadual na questão da disputa 2024 pela prefeitura de Maceió. “MDB e PT pacificam pré-candidaturas” foi a manchete do dia. Retomemos aqui e agora essa pauta para umas modestas considerações.

FRENTE, NOÇÃO ESSENCIAL

Aqui insisto na mesma toada: o conceito de frente partidária é atual e indispensável. Os próprios partidos são frentes, pois se constituem de alas internas com diferenças no pensar e no agir, refletindo interesses específicos de cada grupamento. Assim, ajuntar legendas distintas é uma arte da civilidade política e o melhor remédio para os sectarismos e outros tantos ismos politicamente inconsequentes. Isto posto, duas das principais siglas brasileiras nas recentes quatro décadas, MDB e PT, parceiras nos mais importantes momentos históricos, merecem zelar por esse patrimônio de entendimento.

QUESTÃO MACEIÓ

Em qualquer unidade federativa, pelo menos no Brasil, a Capital é o centro da luta eleitoral, mesmo quando outras cidades espalhadas pelo Estado têm grande relevância política e enorme eleitorado. O resultado na capital é emblemático. Isto não é sinônimo de ligações mecânicas, do tipo “ganhou a prefeitura da Capital, ganha o governo do Estado”, mas até aí joga seu peso. Maceió é exemplo disso. Nas últimas eleições para a prefeitura de Maceió e para o Governo de Alagoas, esses resultados têm sido dissonantes, mas sempre é hora de uma tendência ser mudada. Nesse sentido, Paulo Dantas e Paulão, pelo MDB e pelo PT, moveram as peças certas na hora certa, harmonizando interesses conflitantes (na disputa pela prefeitura maceioense) em benefício do objetivo maior (manter a unidade da frente política estadual).

OPÇÕES VARIADAS

De certo mesmo, quando a reeleição está no foco, é a candidatura de quem esteja no poder. O resto é incerto, pois toda eleição é o melhor momento para testar a sustança das lideranças, das siglas e dos grupos dentro de cada sigla. A candidatura própria é uma aspiração legítima de todo partido. Mesmo quando a lógica indica ser o mais correto uma aliança em torno de um nome mais forte, a força da identidade partidária é inegável e precisa corretamente usada. Cabe à principal liderança acomodar essas pretensões. Paulo Dantas agiu corretamente: ao mesmo tempo em que busca ampliar as bases para sua sigla, soube flexionar e contemplar os anseios das siglas aliadas. Ação muito positiva, porque a soma de votos que cada corrente política/ideológica tende a arrebanhar isoladamente é previsivelmente maior que o ajuntamento desses grupos numa candidatura única – por conta das rejeições que se manifestam com mais força no primeiro turno. E a cobrança à oposição de ganhar de primeira, logicamente, não existe.

OPÇÕES RESTRITAS

No lado da situação, a reeleição restringe as opções a apenas “vencer ou vencer”. JHC se esforça ao máximo para convencer à opinião pública da inevitabilidade de sua recondução já no primeiro turno. Tem suas razões, pois essa cobrança lhe é imensa, pelas fartas condições à sua disposição (ninguém, nesta posição, jamais teve um aporte adicional de R$ 1,7 bilhão no erário – enviado em generosas parcelas pela Braskem). Isto lhe exige a inexistência do segundo turno, coisa que não é tão fácil como supõe a vã filosofia. O prefeito terá de se esforçar muito mais para garantir sua frente eleitoral com os grupos de Arthur Lira, ou seu favoritismo pode sofrer um dolinamento fatal.

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