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Hoje é o "Dia de Bloom" (Bloomsday), comemorado na Irlanda em noutros cantos

Por Enio Lins 16/06/2024

16 de junho de 1904 foi a data escolhida por James Joyce para localizar a odisseia de um dia vivida, em Dublin, pelo personagem fictício Leopold Bloom, um irlandês judeu que aderiu ao catolicismo para se casar. O autor faz um paralelo de um dia comum na vida de seu protagonista com a jornada de 10 penosos anos do retorno de Ulisses (Odisseu) para casa, depois da guerra de Troia, conforme descrita por Homero.

Sobre o livro, escreve a Wikipédia: “foi concebido em Trieste [Itália] onde Joyce dava aulas de inglês na Berlitz School, na sequência da escrita de Retrato do Artista quando Jovem. Depreende-se de uma carta de Joyce que ao chegar a Paris, em 1920, já levava o volumoso manuscrito do romance. Depois de degradantes peripécias e perseguições decorrentes da primeira edição de Ulisses, a tradução francesa pelo editor Auguste Morel, revista por Stuart Gilbert e pelo próprio James Joyce provocou ‘o efeito de uma bomba’ e motivou enorme controvérsia e discussões. A edição em língua inglesa foi considerada pelas entidades oficiais como obra pornográfica e acabou por ser proibida em todos os países anglo-saxónicos. Na Inglaterra e nos EUA os exemplares de Ulisses foram queimados pelas autoridades alfandegárias, tendo de imediato proliferado edições piratas”.

Obra complexa e de leitura tida como penosa, Ulisses faz parte de todas as listas dos romances mais importantes do mundo. James Joyce teria afirmado sobre seu romance épico que “colocara nele tantos enigmas e quebra-cabeças que irão manter os professores ocupados durante séculos discutindo sobre o que eu quis dizer”.

Segue a Wikipédia: “Muitos consideram Bloom o grande herói trágico da literatura moderna. Ulisses é um livro revolucionário no estilo e na concepção. O aspecto mais revolucionário foi a técnica de narração de fluxo de consciência por meio da qual a consciência de um personagem é transmitida diretamente. E também porque não havia qualquer separação entre esta narrativa e a descrição, ou ação, estrita, e muitas vezes sem o nome do personagem ser indicado. Além deste método, que confunde o leitor habituado a um estilo mais direto de escrita, o espaço de referência da narrativa torna-se muito complexo por meio de numerosas alusões à literatura grega, a Shakespeare, à Bíblia e a muitas outras. Não é um livro adequado para quem se queira iniciar na literatura”. A enciclopédia virtual fornece, em seu verbete sobre o livro, alguns roteiros para ler a obra com alguma chance de entendê-la na íntegra.

J. C. Guimarães, ensaísta e articulista, em resenha publicada na revista Bula, diz que Ulisses, de James Joyce, “é o livro mais aclamado do século 20: o mais revolucionário, o mais importante. Sua popularidade é curiosa, porque também é o mais difícil de se ler (para não dizer impossível, em largos trechos). É pouco provável que algum de nós o tenha entendido no confronto direto. E compreendê-lo parcialmente requer abstinência, renúncia, uma vez que pressupõe dedicação missionária. É possível, no entanto, que quem transita no meio literário tenha amigos ou conhecidos que juram tê-lo lido de cabo a rabo. Não ficaria bem a escritores e congêneres desconhecer o romance seminal dos últimos 90 anos. Mas pode-se desconfiar que a ‘obrigação’ de o ler deve-se menos a este ‘dever’ de ofício do que a um respeito irracional, associado ao nome de Joyce. Convém lê-lo (ou dizer que o leu) e convém até, na maioria dos casos, mentir que o compreendeu, quando na verdade trata-se apenas de submissão à força intimidadora de um ícone cultura”.

Apesar da maioria do leitorado não ter lido, ou entendido, o livro da primeira à derradeira página (este que vos escreve nunca consegiu chegar à metade das folhas), sua referência mundial é inegável. Por conta dessa influência, o dia 16 de junho virou uma data cerimonial, cujas comemorações começaram ainda durante a vida de James Joyce. Diz a revista Super Interessante: “A comemoração do Bloomsday começou em 1924, quando amigos ofereceram uma festa ao escritor, que estava com problemas de visão e vivia em dificuldade. Apesar disso, Joyce havia se lançado em um empreendimento ainda mais ambicioso: Finnegans Wake, um catatau literário transcorrido na mente adormecida do protagonista. Em 1954, a festa passou a ser regular em Dublin, com fãs se reunindo para beber e celebrar. Hoje, o Bloomsday é comemorado em Nova York, Washington, Melbourne, Sydney e até São Paulo”.

Leia mais em:
https://super.abril.com.br/historia/o-que-e-bloomsday
https://www.revistabula.com/34692-ulisses-de-james-joyce-a-primeira-parte-passo-a-passo/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulisses_(James_Joyce)

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