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3 de junho: em 1140, Abelardo, filósofo francês, é condenado como herege
![Túmulo dedicado ao casal Heloísa e Abelardo no Cemitério de Père-Lachaise, em Paris](/img.php?src=/storage/uploads/imagens/03-heloisa-e-abelardo.jpg&w=770&h=514)
Oito séculos depois daquela condenação, o filme “Em Nome de Deus” (Stealing Heaven, no original), produzido em 1988, também conhecido como “Abelardo e Heloísa”, tornaria popular a história de amor, preconceito e filosofia entre Pierre Abélard e Heloísa de Argenteuil. As contradições e horrores da Idade Média estão expostas nas vidas reais dessa dupla.
Coisa incomum numa época marcada pelo machismo, ao completar 17 anos, Heloísa de Argenteuil foi enviada a Paris para a estudar, pois desde menina se sobressaia por sua alta capacidade intelectual. Na capital francesa ficou sob os cuidados de seu tio, cônego Fulbert, vigário geral da Catedral de Notre-Dame. Três anos depois, com a evolução dos estudos, o tio e tutor designou como seu preceptor o religioso e filósofo Pierre Abélard, 11 anos mais velho que ela.
Pierre Abélard (Pedro Abelardo), nascido em 1079, era o filósofo e teólogo mais conceituado naquele tempo, conhecido por ter criado o Conceitualismo, tido como posição distinta ao Idealismo e ao Materialismo. Rigoroso consigo mesmo e casto, aos 31 anos, conheceu Heloísa, então com 20 anos. Aí, já viu, né? Ela engravidou e teve um filho dele, em 1116. Apesar de tentarem manter segredo por um tempo, não foi possível preservar o sigilo sobre algo dessa natureza. Como vingança, o cônego Fulbert mandou castrar Abélard. Separado o casal, cada qual se recolheu a um mosteiro (distantes 354 km um do outro) e passaram a se comunicar por cartas até que a morte os uniu para sempre na história e nas lendas.
Abélard foi punido duas vezes como “herege” por seu tratado sobre a santíssima trindade: no Concílio de Soissons, em 1121, e no Concilio de Sens, em 1141, onde a condenação foi replicada definitivamente. Em 21 de abril de 1142, aos 63 anos, morreria no Priorado de Saint-Marcel, em Chalon-sur-Saône, na Borgonha.
Heloísa morreu em 16 de maio de 1164, aos 74 anos, como abadessa do Convento de Argenteuil, legando à posteridade a coleção de suas cartas com Abélard. Entrou para a história como escritora, erudita e filósofa, referência em lógica e dialética, uma das mais destacadas intelectuais europeias entre os séculos XI e XII.
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