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Versões de um velho quebra-cabeças modelo 2024
Apesar de cada pleito ter suas candidaturas favoritas, festejar vitória por antecipação é pura ingenuidade ou mero gesto de marketing. Na capital alagoana, por exemplo, o atual prefeito segue favorito– o que é usual em casos de reeleição, onde a regra é quem esteja no poder ter o mandato dobrado feito tapioca, e não se reeleger é exceção.
POMO DA DISCÓRDIA
Usufruindo das vantagens de quem concorre no poder, JHC tem mandado bem no quesito “ampliação”. Cooptou vereadores importantes dentro da sala do principal adversário, o MDB, esvaziando quase totalmente a oposição na Câmara. Mas pode se atrapalhar na escolha de um vice para chamar de seu. Trazer Rodrigo Cunha para a chapa beneficiaria apenas a família do prefeito com o ganho de uma cadeira no Senado para sua mãe, Dona Eudócia, num gesto de puxar acintosamente a brasa para a sardinha dos Caldas, deixando de fora parcerias importantes como Artur Lira, Galba Novaes – e os bolsonaristas, hoje excluídos da disputa real pela prefeitura.
POLARIZAÇÃO ULULANTE
Desde 1985, a dicotomia MDB x antiMDB tem sido um traço característico das eleições em Maceió, quando o PMDB ganhou (de virada) com Djalma Falcão na primeira votação direta para prefeituras de capitais depois de 20 anos de escolhas indiretas impostas, em 1965, pelo autoritarismo militar. Ao longo dessas nove eleições, pós-Djalma, as urnas não sorriram de novo para as candidaturas emedebistas e elegeram Guilherme Palmeira/PFL,1988; Ronaldo Lessa/PSB, 1992; Kátia Born/PSB, 1996 e 2000, Cícero Almeida/PDT, 2004 e PP, 2008; Rui Palmeira/PSDB, 2012 e 2016; JHC/PSB (depois PL), 2020. Um dia isso muda, não tenham dúvida, mas quando?
MOVIMENTAÇÕES 2024
Rafael Brito, assim que teve seu nome especulado como candidato à prefeito, antes mesmo das pesquisas darem o ar de sua graça, passou a incomodar à situação maceioense, conforme se pode atestar pelas postagens iracundas de sites e influencers antiMDB. Mas o MDB precisa ampliar o leque de suas alianças. O dever de casa, para ontem, do Tio Rafa, é trazer para seu lado o teimoso PT, o que somaria PV e PCdoB (Federação Brasil Esperança) e – o principal – traria para a ribalta a força do incansável Lula (grande eleitor, inclusive em Maceió, cidade poluída pelo bolsonarismo).
PERSPECTIVAS
Mesmo que ao presidente Lula não seja conveniente entrar com gosto de gás em todas as disputas (em especial nos municípios onde os partidos de sua base parlamentar estejam em lados opostos), a vinculação a seu nome só ajuda. Evidentemente que, supondo a manutenção da candidatura petista (+ PV e PCdoB), um compromisso para o segundo turno pode e deve ser fechado desde agora com essa federação, mas o mais eficiente seria a composição já de primeira, com o PT indicando um nome para vice de Rafael Brito – obviedade falada, escrita e tuitada há bom tempo.
FORÇAS A CONSIDERAR
Além de Lula – cuja frágil posição no Congresso exige cautela nas disputas municipais, concentrando seu prestígio em cidades estratégicas, como a capital paulista –, uma importante liderança conserva distância da briga maceioense: Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa (com fortíssima liderança na Casa Tavares Bastos e poder de articulação que dispensa explicações) e que jogou papel fundamental na eleição para a prefeitura de Maceió em 2020, segue em instigante silêncio. Enfim, esse jogo tem tudo para surpreender as torcidas que se considerem antecipadamente campeãs.