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Prefeituras e Câmaras Municipais: fisiologia, política e ideologia

Por Enio Lins 14/05/2024

Num estudo sobre o cenário das eleições municipais deste ano, o site Poder360 coletou e analisou números de várias pesquisas realizadas do meio de março até o início de maio. Desses dados, a reportagem assinada por Rafael Barbosa e Maicon Viana indica que o PL é o partido que mais tem nomes competitivos (sete) em 20 capitais pesquisadas, enquanto o PT disputa com chances de vitória em apenas duas nessas duas dezenas de cidades. Por outro lado, pesquisa da Genial/Quaest indica que Lula segue sendo o favorito para a eleição presidencial de 2026, com 47% da preferência contra 39% do Jair, e num cenário Lula x Tarcísio, esse percentual segue semelhante (46% x 40%).

AVALIAÇÕES SOBRE 2024

Centrando no estudo para o voto neste ano e lembrando os empates técnicos nalgumas capitais, o site Poder360 apresentou a seguinte listagem sigla/candidaturas nos primeiros lugares em duas dezenas de capitais: PL, sete; União Basil, cinco; MDB e PSD, quatro; PT, duas; e sete outras siglas aparecem com um nome cada. Nesse rol, vê-se ainda que o poderoso PP de Arthur Lira consta com apenas um nome bem postado nessas pesquisas (em João Pessoa). Uma leitura apressada dessa contabilidade pode levar a conclusões brutalmente equivocadas, pois política não se limita à aritmética, apesar da singela soma dos votos definir o jogo.

DETALHES NEM TÃO PEQUENOS

Cuidados a se considerar nas entrelinhas: Nem toda candidatura está perfeitamente alinhada com suas siglas, e quase nenhuma sigla pode ser considerada como partido com um mínimo de unidade real. Assim, em Maceió, JHC, prefeito e candidato à reeleição, apesar de filado ao PL por conveniência política, está à vontade em se chegar a Lula, como demonstrou na recente visita do presidente à Maceió. Em São Paulo, o MDB é Jair topado e o PSOL Lula fechado, sem que PL e PT tenham nomes próprios aptos para a batalha deste ano na Paulicéia Desvairada, onde a polarização se manifesta de forma aberta no empate Guilherme Boulos e Ricardo Nunes.

VÍCIOS ANTIGOS

Esse estudo do 360 reafirma a capacidade de articulação do extremo-fisiologismo, com o fortalecimento dos partidos do “centrão” indicando que esse tipo de sigla segue sendo a mais atraente do ponto de visa eleitoral, acolhendo as celebridades da extrema-direita, mas indo bem além dessas criaturas e ampliando suas raízes no chamado “baixo clero”. Confirma-se também as dificuldades das forças democráticas (centro, centro-esquerda e esquerda), em – mesmo ocupando a presidência da República – ampliar suas bases políticas e avançar na indispensável conquista de uma maior fatia dos votos no amplo cenário municipal. E notem que esse conjunto de pesquisas não toca numa questão estratégica: as tendências para ocupação das Câmaras nas capitais.

PARLAMENTO PARA LAMENTO

Não é coisa de somenos importância a composição das câmaras, e poucas pesquisas se aventuram nesse campo de difícil prospecção por conta da enorme capilaridade do voto, e da avassaladora prática do dito clientelismo, posto ser a vereança o espaço mais vulnerável ao pedido do favor pessoal. Como todo parlamento, é na ocupação das cadeiras da edilidade que o poder, de fato, começa a ser dividido pela raiz. Assim, resta o apelo para que as lideranças políticas democráticas deem mais atenção à formação de suas chapas proporcionais – sem esquecer das prefeituras, lógico, que é onde se manifestará a silhueta mais visível da política e da ideologia no Brasil 2024.

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