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Solstício e sonho por uma noite feliz, uma noite de paz

Por Enio Lins 24/12/2023

Neste 2023, o Solstício (de Inverno, no Hemisfério Norte; de Verão, ao Sul) teve seu momento definido astronomicamente para 00:27 do dia 22 de dezembro, sexta-feira. É comemorado há pelo menos sete mil anos. E, há mais de dois mil anos, para garantir uma unidade comemorativa, o império romano marcou em seu calendário oficial o dia 25 de dezembro como a data certa para as grandes festividades solsticiais.

Como sabemos, os solstícios são os pontos nos quais a inclinação da terra, em combinação com seu elíptico giro anual, marca uma série de alterações climáticas observadas desde as primeiras civilizações, em vários pontos do planeta. Desde a pré-história as criaturas ditas humanas, ao perceberem isso, caiam na farra pelo sol por vir.

Sob o gelo (ao Norte) do Solstício de Inverno, há milênios, renascia a cada ano o deus mais importante para cada cultura, como Hórus (egípcio), Atis (frígio), Krishna (hindu), Dionísio (grego) e tantos outros – cujas datas natalícias cravadas em 25 de dezembro, e comemoradas antes do Cristo, são contestadas pelo catolicismo.

Não há como contestar, porém, a data de aniversário de Mitra: 25 de dezembro. Esse deus persa foi adotado pelos soldados romanos que o espalharam pelo império, muito antes do surgimento do cristianismo. As festividades da natividade mitraísta, no antigo calendário romano, eram realizadas oficialmente em 25 de dezembro.

Na religião zoroastrista, Mitra é a divindade intermediária entre deuses e humanos, lutando sem tréguas contra Angra Mayniu (deus do mal) e defendendo Ahura Mazda (deus do bem). Tornou-se o “senhor único do culto solar”, no século VI a.C., na Pérsia. No século I a.C., o Mitraísmo chegou com força ao Império Romano.

Como a Bíblia cristã não fornece nenhuma indicação sobre quando Maria deu à Luz Jesus, o cristianismo nasceu sem data de aniversário de sua divindade suprema, até porque no Judaísmo seminal, Deus não nasce, existe desde sempre, desde antes do início dos tempos. A necessidade de uma data para parto de Cristo foi imposta pelas crenças pagãs.

Esse espaço vazio da natividade, no Cristianismo, foi preenchido pelo deus romano mais popular: Mitra. A “busca e apreensão” desse aniversário alheio tem seu primeiro registro no ano 221, mas apenas no Século IV a igreja oficializou a data, se apropriando dos festejos pagãos típicos do dia 25 de dezembro.

Já no cristianismo oriental, era outro o dia da Natividade: 6 de janeiro, a Epifania. Mas, no ano 350, o Papa Júlio I proclamou 25 de dezembro, pelo calendário oficial de Roma, como momento único para o nascimento de Jesus. No ano 529 o imperador Justiniano declarou a data feriado nacional (válido para todo Império Romano).

Para completar a salada russa feita pelo Cristianismo com as crendices de outras religiões, a “véspera de Natal”, noite onde é servido o tradicional jantar natalino, está ligada às normas judaicas, onde o dia começa com o pôr do sol. Assim, a ceia do dia 24 é – para o Judaísmo – no dia 25. Daí o coro de parabéns pode ser puxado.

Bom, essa conversa toda é para resumir, mais uma vez, o seguinte: Independente de sua religião, se tiver alguma, comemore esse período da melhor forma que lhe aprouver. Seja feliz, festeje, defenda o bem contra o mal (mas evite a criminosa mitologia do “homem de bem”). Coma, beba, farreie o que o bolso e a saúde lhe permitirem, sem culpa. E, como se deseja mutuamente há pelo menos sete mil anos, BOAS FESTAS!!

Leia mais em:
https://www.hypeness.com.br/2019/12/voce-sabia-que-a-historia-do-natal-comeca-7-mil-anos-antes-do-nascimento-de-jesus/
https://www.bbc.com/portuguese/geral-59736586
https://www.saindodamatrix.com.br/feliz-aniversario-mitra/
https://fitteologia.com.br/2021/12/08/a-verdade-sobre-o-dia-25-de-dezembro-natal/

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