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8 de dezembro: em Maceió, é dia de festa afro-brasileira no mar

Por Enio Lins 08/12/2023

8 de dezembro – Nalgum momento da história multirracial do Brasil, esta data foi escolhia pelos cultos afro-brasileiros como um de seus marcos, camuflando sob o manto dos festejos cristãos os rituais herdados da África autêntica, pré-cristã.

Na liturgia cristã, 8 de dezembro é comemorado desde 1477, quando o Papa Sisto IV inventou naquela data a “festa da Imaculada Conceição da Virgem Maria”, daí avançando para uma política de concentração na figura maternal de Maria os cultos às deidades femininas, com as demais santas perdendo espaço cerimonial. Em 1646, Dom João IV, monarca lusitano, declarou Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal, relevância naturalmente transplantado para a principal colônia portuguesa, o Brasil.

 Traficados como escravos para terras brasileiras desde o século XVI, os africanos tiveram que “embutir” suas divindades na mitologia católica. Nas comemorações destacadas da Imaculada Conceição foram “escondidos” os ritos à Iemanjá (cultura bantu) e a Oxum (cultura iorubá). Para garantir alguma segurança frente à repressão senhorial, os cultos bantus criaram uma imagem iconográfica de Iemanjá à semelhança de “Nossa Senhora”, como jovem branca - vestida num azul mariano e pairando sobre as águas do mar.

Em Alagoas, particularmente em Maceió, o Dia de Iemanjá, 8 de dezembro, é a única festa religiosa de rua da matriz africana. Momento histórico muito significativo e que merece ser reconhecido oficialmente como Patrimônio Imaterial.

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