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Mundaú e Manguaba: ainda podem ser salvas?

Por Enio Lins 15/11/2023

Com o título de “Contaminação tóxica reduz drasticamente pesca na Lagoa Mundaú”, reportagem de Lucas França e Luciana Beder, revisão de Bruno Martins, é destaque na versão digital da Tribuna em https://tribunahoje.com/especial/2023/11/08/18-contaminacao-toxica-reduz-drasticamente-pesca-na-lagoa-mundau

“Pesquisa da Ufal aponta ambiente aquático poluído e hostil, contaminado por produtos químicos e metais pesados, com baixa oxigenação, assoreamento e salinidade alterada” aponta o bigode da matéria.

Não deixa de ser mais uma notícia ruim para as pessoas preocupadas com a Natureza e a vida saudável. No rol de informações alarmantes, além das novidades sobre o afundamento de parte de Maceió, agora vem a confirmação de que a poluição química também faz parte da degeneração lagunar.

Até pouco tempo, mesmo depois de anos de presença da Braskem (antes Salgema e Trikkem), a poluição química não era preponderante na degradação ambiental das lagoas e, mais precisamente, da sofrida Mundaú.

Era, durante longo tempo, a poluição orgânica a grande algoz do sistema Manguaba/Mundaú. O que ia matando aos poucos a maravilhosa natureza das alagoas (antanho se escrevia “alagoa” e não “lagoa”) era o esgoto doméstico, com todas as povoações próximas dando descarga direto na bacia lacustre.

Coliformes fecais em profusão marcavam uma escatológica estatística nos marcos da química orgânica quando se analisava as águas das lagoas do Norte e do Sul, especialmente nos trechos boreais próximos aos povoados e cidades.

Tal matiz poluente se manifestou desde o PLEC (Projeto de Levantamento Ecológico-Cultural da Região dos Canais e Lagoas), extensa pesquisa de campo realizada pela Secretaria Estadual de Planejamento entre 1977 e 1979.

“Além de queda, coice” – vaticina a filosofia popular. Como se não bastasse o desastre da contaminação orgânica, agora vem a carga pesada da poluição inorgânica. Seria de origem industrial ou decorrente de produtos usados como defensivos agrícolas?

Heroínas, as lagoas teimam em sobreviver, purgando parte dessas cargas poluidoras medonhas. O sistema Mundaú/Manguaba, entretanto, tem seus limites naturais e, para sobreviver, necessita da ajuda humana. E já passa da hora para esse socorro.

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